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A Azul divulgou seus resultados do 1T20. O setor de companhias aéreas foi o maior impactado com a crise do coronavírus. Além disso, o câmbio desvalorizado é ruim para a Azul, que possui 100% de seus financiamentos referenciados em dólares. Ambos os efeitos já apareceram neste resultado.
Entre os principais destaques do resultado, estão:
- O resultado operacional foi de R$173,6 milhões no 1T20, com margem de 6,2%. Normalizando pelo impacto do COVID-19 e pela depreciação média do real de 18% em relação ao ano anterior, a margem operacional seria de 14,9%, um crescimento de 1,2 ponto percentual em relação ao 1T19;
- O prejuízo líquido excluindo variação cambial e marcação a mercado totalizou R$975,3 milhões, principalmente relacionado com o ajuste do valor justo de nossa participação na TAP de R$ 618,5 milhões e as perdas com hedge de combustível;
- No final do 1T20, o total de caixa e investimentos da Azul era de R$3,1 bilhões. Incluindo reservas de manutenção e ativos disponíveis, a nossa de liquidez total foi de R$6,7 bilhões;
- A frota operacional comercial da Azul totalizou 138 aeronaves no final do trimestre, incluindo 49 aeronaves de nova geração, que representaram 55% da nossa capacidade total do 1T20;
- O TudoAzul apresentou crescimento de 18% no seu faturamento (ex-Azul) no 1T20, e terminou o trimestre com mais de 12 milhões de membros;
- A receita da Azul Cargo cresceu 41% no 1T20 comparado com o mesmo período no ano anterior;
- Sua receita líquida foi de R$2,8 bilhões, crescimento de 10,3% comparado com o mesmo período do ano passado, devido ao aumento de 9,0% na receita de transporte de passageiros e ao crescimento de 38,7% em outras receitas. Considerando o impacto da pandemia de COVID-19 na demanda durante a segunda quinzena de março, a receita operacional seria de R$3,2 bilhões, ou R$360.5 milhões maior;
- Os passageiros-quilômetros transportados (RPKs) aumentaram em 10,8% frente a um aumento de 12,0% na capacidade, levando a uma taxa de ocupação de 81,0%, 0,9 ponto percentual menor do que no 1T19;
- Os custos e despesas operacionais totalizaram R$2,6 bilhões no 1T20, representando um aumento de 19,8% sobre o 1T19. Os custos por ASK (CASK) aumentaram em 7,0%, devido principalmente (i) à depreciação média de 18,2% do real, e (ii) ao aumento de 27,5% na depreciação, relacionado principalmente com a adição líquida de 20 novas aeronaves em nossa frota nos últimos doze meses;
- Seu nível de alavancagem foi de 3,3x no 4T19 para 5,0x principalmente devido à depreciação de 29% do real no final do período.
Informações relacionadas à pandemia:
- Encerraram o mês de abril com uma posição de caixa ligeiramente acima da realizada em março, e esperam ter em maio e junho uma queima líquida de caixa entre R$3 milhões a R$4 milhões por dia, incluindo despesas com juros. Com a posição de caixa atual, a Companhia estima poder suportar o atual ambiente de demanda por mais de um ano se necessário;
- Desde abril, a Azul vem operando em torno de 15 a 20 aeronaves;
- Desde o início da pandemia, a Azul rapidamente ajustou a sua malha, e na segunda quinzena de março reduziu a sua capacidade em 50%. Em 26 de março, a Azul foi a primeira companhia aérea do Brasil a implementar uma malha aérea essencial, reduzindo a quantidade de voos diários de 950 para 70. A Companhia tem operado apenas os voos que geram receita suficiente para cobrir seus custos variáveis;
- A rápida reação da Azul em reduzir sua capacidade contribuiu para uma significativa redução de custos variáveis, que representam aproximadamente 60% do total de custos operacionais da Companhia. Os custos fixos são compostos principalmente por arrendamentos de aeronaves e salários;
Impacto: Negativo. A empresa está sendo fortemente impactada durante a pandemia de covid-19. A oferta do setor diminuiu em mais de 90% e as expectativas para a recuperação dos números a partir da reabertura é bastante lenta. A companhia já traçou um plano de contingência que pretende seguir para minimizar os efeitos do coronavírus em sua operação daqui para frente.
Mais: A Azul possuía uma entrega de 52 aeronaves E2 da Embraer, que estavam agendadas para serem recebidas entre 2020 e 2023. A companhia está negociando o adiamento dessa entrega para que sejam feitas a partir de 2024. Os aviões encomendados têm preço de tabela de R$ 24,5 milhões.Este adiamento no recebimento dos aviões para a partir de 2024 sinaliza um grande atraso do plano de desenvolvimento da Azul, que consistia na troca de suas aeronaves por outras mais atuais, que gastam menos combustível. Para a Embraer, o atraso na entrega também possui tom negativo.